Roubo bilionário no INSS revolta Congresso e expõe falta de investigação sobre sindicatos
O acordo homologado nesta quinta-feira (3) pelo ministro Dias Toffoli, do STF, para permitir que a União use recursos públicos e ressarça aposentados vítimas do megaesquema de fraude no INSS gerou forte reação no Congresso. Deputados de oposição e de centro afirmam que a conta vai recair duas vezes sobre o contribuinte: ele já foi roubado e agora pagará para cobrir o rombo, sem que o governo consiga recuperar os valores dos verdadeiros responsáveis.
“Era tudo o que o PT gostaria. Os brasileiros vão pagar pelo roubo duas vezes”, disse o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), à CNN. Para ele, o STF deveria ajudar a caçar os criminosos, mas preferiu flexibilizar regras fiscais para acomodar o gasto, mesmo fora do teto fiscal. “Isso aumenta o rombo e desanima o mercado”, alertou.
A crítica mais dura mira a falta de urgência do governo em investigar as entidades sindicais envolvidas nos descontos fraudulentos. Embora a AGU diga que busca reaver recursos, a oposição cobra uma CPMI para responsabilizar quem se beneficiou do esquema. “É inadmissível empurrar para debaixo do tapete esse escândalo. Queremos justiça, transparência e punição exemplar”, afirmou Evair de Melo (PP-ES).
O líder do Novo, Marcel van Hattem (RS), classificou a decisão como “contabilidade paralela” que viola a lei e destrói a credibilidade fiscal. Para ele, o STF invadiu prerrogativas do Congresso e abriu espaço para gastos eleitoreiros. “O governo deveria cortar na própria carne, não usar essa tragédia como pretexto para mais despesas.”
Para o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), o acordo é reflexo de “irresponsabilidade institucional compartilhada”, ignorando o histórico de déficits e a necessidade de reformas sérias para sustentar políticas sociais no longo prazo.
Enquanto isso, a AGU diz precisar de crédito extraordinário para pagar imediatamente os prejudicados, já que muitos sindicatos não devolveram o dinheiro. A Advocacia-Geral afirma já ter bloqueado cerca de R$ 3 bilhões em bens e valores de 12 empresas e sócios investigados, mas parlamentares criticam a lentidão e a falta de foco em recuperar o máximo possível antes de repassar a fatura para os contribuintes.
O escândalo expõe fragilidades no sistema previdenciário e a necessidade de transparência. Parlamentares exigem investigação profunda sobre sindicatos e entidades envolvidas, para que o brasileiro não continue sendo a única parte que paga essa conta.