Crise entre Musk e Trump se intensifica com acusação ligada a Epstein
O embate entre Elon Musk e Donald Trump atingiu um novo patamar nesta quinta-feira (5), após o bilionário afirmar publicamente, por meio da rede X (antigo Twitter), que o ex-presidente norte-americano estaria mencionado nos arquivos do caso Jeffrey Epstein. “@RealDonaldTrump está nos arquivos de Epstein. Essa é a verdadeira razão de eles não terem sido divulgados. Tenha um bom dia, DJT!”, escreveu Musk, em uma publicação que rapidamente viralizou.
O comentário veio em meio a uma série de trocas de farpas entre os dois, após Trump afirmar que retirou Musk da chefia do fictício Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), criticando também os subsídios a veículos elétricos. “Elon estava desgastado. Eu o demiti e suspendi o mandato dos veículos elétricos que só ele queria. Ele enlouqueceu!”, publicou Trump em sua rede Truth Social.
O contexto das acusações
A acusação feita por Musk surge meses após a liberação parcial de documentos relacionados ao caso Epstein, bilionário acusado de exploração sexual de menores, que morreu em uma prisão federal em 2019. Os arquivos contêm registros de voos, listas de contatos e uma “lista de massagistas” com nomes redigidos, mas muitos documentos-chave, como a lista de clientes, permanecem retidos.
A ex-procuradora-geral Pam Bondi declarou em fevereiro, por meio de carta enviada ao diretor do FBI, Kash Patel, que sua solicitação de acesso completo ao dossiê ainda não foi atendida. Segundo ela, cerca de 200 páginas foram entregues – número muito inferior ao esperado. Ela também responsabilizou um escritório regional do FBI em Nova York pelo atraso.
Impacto político e institucional
A alegação de Musk, embora sem provas apresentadas, reaquece a pressão por transparência em torno do caso Epstein, que envolve nomes de grande repercussão pública, como Ghislaine Maxwell (condenada e atualmente presa), o príncipe Andrew (que nega envolvimento) e Jean-Luc Brunel (agente francês que morreu na prisão). A menção a Trump intensifica o teor político da discussão, especialmente diante das eleições presidenciais de 2024 nos EUA.
O porta-voz da SpaceX não se manifestou oficialmente sobre o assunto. Musk, por sua vez, prometeu revelar mais informações. “Marquem este post para o futuro. A verdade vai aparecer”, publicou.
Já Trump tenta neutralizar os efeitos das declarações de Musk, reiterando seu compromisso com uma “agenda de grandeza nacional”. A retórica do ex-presidente, no entanto, agora enfrenta um novo desafio: responder, mesmo que informalmente, à acusação de envolvimento em um dos maiores escândalos de exploração sexual da história recente dos EUA.
O que dizem os especialistas
Juristas e analistas políticos apontam que, se Musk tiver provas que liguem Trump aos arquivos de Epstein, o caso poderá provocar uma investigação formal. No entanto, também há preocupação sobre o uso político de alegações graves sem base documental clara. “A transparência dos arquivos de Epstein é uma questão de interesse público e deve ser tratada com seriedade, não como ferramenta em brigas de poder”, afirmou Mary Collins, especialista em ética pública da Universidade de Georgetown.
Enquanto isso, a pressão cresce sobre o FBI e o Departamento de Justiça para concluir a análise dos materiais e publicar, com clareza e responsabilidade, os nomes de todos os envolvidos nos crimes associados a Epstein e seus cúmplices.