Trump impõe tarifa de 50% às exportações brasileiras e amplia tensão diplomática com o Brasil
Em medida que eleva a tensão comercial entre os dois maiores países do continente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de uma tarifa geral de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. A decisão foi formalizada em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na carta, Trump justifica a medida com críticas diretas ao Supremo Tribunal Federal (STF), acusando a Corte brasileira de emitir ordens de censura contra plataformas digitais americanas. Para ele, as decisões do STF ferem a liberdade de expressão e configuram ataques a empresas dos EUA. Trump também condenou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando-o como “uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente”.
Além das críticas políticas, a carta expõe queixas de longa data sobre suposto desequilíbrio nas relações comerciais entre os dois países. Segundo Trump, o Brasil mantém políticas tarifárias e não-tarifárias que dificultam o acesso de produtos americanos ao mercado nacional, gerando déficits comerciais que ele considera insustentáveis e ameaças à segurança econômica dos EUA.
Trump também ameaçou abrir imediatamente uma investigação formal contra o Brasil sob a Seção 301, dispositivo legal americano usado para apurar práticas comerciais consideradas desleais. Medidas sob essa seção já foram aplicadas no passado contra países como a China, resultando em tarifas adicionais e negociações tensas.
O anúncio ocorre meses depois de o Congresso brasileiro aprovar e Lula sancionar a Lei da Reciprocidade Econômica (Lei 15.122/25), que autoriza o governo a adotar contramedidas comerciais ou diplomáticas contra países que prejudiquem a soberania ou competitividade nacional. Até o fechamento desta edição, o governo brasileiro não havia divulgado posição oficial.
Em meio a essa escalada, setores exportadores temem impactos severos no comércio bilateral. Os EUA são um dos principais destinos de produtos brasileiros como aço, minério de ferro, celulose, carne e café. Analistas alertam para o risco de retaliações recíprocas e rupturas em cadeias produtivas integradas.
Mais do que criticar Trump — um presidente estrangeiro naturalmente empenhado em defender os interesses de seu país —, talvez o brasileiro médio deva refletir se não estamos, internamente, caminhando para o mesmo destino de nações como Venezuela ou Cuba, até chegarmos a sanções ainda mais duras e proibitivas. Em vez de alimentar raiva por quem protege seu mercado, cabe perguntar se não vivemos aqui uma “democracia relativa”, com sinais preocupantes para as liberdades civis, a segurança jurídica e o livre comércio. Afinal, os EUA permanecem a maior economia do mundo, uma das democracias mais estáveis e um dos principais defensores históricos do livre mercado.
Leia a carta na íntegra:
“Conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros Líderes de Países. A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!
Devido em parte aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (conforme recentemente ilustrado pela Suprema Corte brasileira, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS às plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com milhões de dólares em multas e despejo do mercado de mídia social brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todo e qualquer Produtos brasileiros enviados para os Estados Unidos, desvinculados de todas as Tarifas Setoriais. As mercadorias transbordadas para fugir desta Tarifa de 50% estarão sujeitas a essa Tarifa mais elevada.
Além disso, tivemos anos para discutir nossa relação comercial com o Brasil e concluímos que devemos nos afastar da relação comercial de longa data e muito injusta gerada pelas políticas tarifárias e não-tarifárias e pelas barreiras comerciais do Brasil. Nosso relacionamento tem estado, infelizmente, longe de ser recíproco.
Por favor, entenda que o número de 50% é muito menor do que o necessário para termos condições de concorrência equitativas que devemos ter com o seu país. E isso é necessário para retificar as graves injustiças do atual regime.
Como você sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas de seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos todo o possível para obter aprovações de forma rápida, profissional e rotineira, em outras palavras, em questão de semanas.
Se por algum motivo você decidir aumentar suas tarifas, então, qualquer que seja o número que você escolher para aumentá-las, será adicionado aos 50% que cobramos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de políticas tarifárias e não-tarifárias e barreiras comerciais do Brasil, causando esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos.
Este défice é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional! Além disso, devido aos contínuos ataques do Brasil às atividades de comércio digital de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais injustas, estou instruindo o representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação da Seção 301 do Brasil.
Se você deseja abrir seus mercados comerciais até então fechados para os Estados Unidos e eliminar suas políticas e barreiras comerciais tarifárias e não-tarifárias, talvez consideraremos um ajuste nesta carta.
Estas Tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo da nossa relação com o seu País. Você nunca ficará desapontado com os Estados Unidos da América.
Obrigado pela sua atenção a este assunto!