
Na última terça-feira (17/09), explosões de aparelhos de pager atribuídas ao grupo Hezbollah causaram a morte de nove pessoas e deixaram milhares de feridos no Líbano. A causa das explosões ainda é investigada, mas o Hezbollah e o governo libanês responsabilizam Israel. O incidente acirra ainda mais o já tenso conflito entre os dois lados.
Uma série de explosões de pagers, dispositivos de comunicação amplamente utilizados pelo Hezbollah, abalou o Líbano na última terça-feira (17). Segundo o Ministério da Saúde do país, o incidente deixou ao menos nove mortos, incluindo uma jovem, e feriu milhares de pessoas em várias regiões, como Beirute e o Vale do Bekaa. Entre os feridos está o embaixador do Irã no Líbano, cujos ferimentos foram considerados leves.
O Hezbollah, grupo armado e partido político libanês, culpou Israel pelas explosões, classificando-as como “um ataque criminoso e traiçoeiro”. Em comunicado, o grupo prometeu retaliação: “O inimigo certamente pagará por esta agressão pecaminosa”. Essa acusação reflete a longa rivalidade entre Hezbollah e Israel, que vem se intensificando desde o início da guerra em Gaza em outubro de 2023.
O ministro da Informação do Líbano, Ziad Makary, também atribuiu as explosões a Israel, condenando-as como um ataque deliberado. Até o momento, as Forças de Defesa de Israel (IDF) não se pronunciaram sobre o ocorrido, mantendo a posição de silêncio em relação às alegações.
O Uso de Pagers pelo Hezbollah
O Hezbollah tem dependido fortemente de pagers para suas comunicações internas. Esses dispositivos, que no Brasil são conhecidos como “bipes”, substituíram os celulares, considerados vulneráveis a ataques cibernéticos e de localização. No entanto, essa tecnologia, que parecia oferecer segurança, tornou-se alvo de uma série de explosões coordenadas que impactaram não apenas membros do Hezbollah, mas também civis em várias regiões do Líbano.
As explosões ocorreram em locais públicos, como supermercados, barbearias e ruas movimentadas. Imagens de câmeras de segurança, ainda não verificadas por fontes independentes, mostram as detonações em áreas densamente povoadas, aumentando o número de feridos.
Um especialista em munições, entrevistado pela BBC, afirmou que os dispositivos poderiam ter sido carregados com pequenas quantidades de explosivos de alta potência, escondidos em componentes eletrônicos. Segundo ele, as explosões simultâneas sugerem um ataque cuidadosamente planejado, com o objetivo de desestabilizar as comunicações do grupo.
Possível Origem do Ataque
Apesar das especulações de que o ataque poderia ter sido realizado por meio de um hack que causou o superaquecimento das baterias dos pagers, especialistas em cibersegurança, como Joe Tidy, da BBC, acreditam que esse cenário é improvável. Tidy destaca que as características das explosões não são consistentes com falhas simples de bateria, o que reforça a hipótese de uma ação mais sofisticada.
O contexto do ataque deve ser analisado dentro da escalada do conflito entre Israel e o Hezbollah. Desde o início da guerra em Gaza, o Líbano se tornou um segundo front no confronto entre as Forças de Defesa de Israel e o Hezbollah, com constantes trocas de fogo na fronteira. Israel, por sua vez, tem reiterado que seu objetivo é garantir a segurança dos moradores do norte do país, deslocados pelos ataques do Hezbollah.
Na segunda-feira (16/09), o gabinete de segurança de Israel atualizou seus objetivos de guerra para incluir o retorno seguro de 60 mil residentes ao norte do país, ressaltando que uma ação militar poderia ser necessária para garantir o cumprimento desse plano.
Consequências e Investigações em Andamento
O Hezbollah classificou o incidente como “a maior falha de segurança” do grupo desde que as hostilidades com Israel se intensificaram, há 11 meses. Em um comunicado posterior, o grupo informou que está conduzindo uma investigação rigorosa para identificar a origem exata das explosões.
Analistas afirmam que esse incidente poderá ter consequências significativas para o Hezbollah, enfraquecendo sua estrutura de comunicação e moral. Com Israel se mantendo em silêncio sobre o ataque, muitos especulam se esta ação é o prenúncio de uma ofensiva militar maior contra o grupo armado.
Enquanto isso, o governo do Líbano, assim como o Hezbollah, continua a acusar Israel pela explosão dos pagers. No entanto, sem uma confirmação oficial, as investigações prosseguem, e o país segue em alerta.
O incidente das explosões de pagers no Líbano é mais um capítulo no longo e complicado histórico de tensões entre Israel e Hezbollah. As causas exatas das explosões permanecem incertas, mas a acusação mútua entre as partes envolvidas pode agravar ainda mais a já delicada situação na região. Com investigações em andamento, os desdobramentos desse ataque podem moldar os próximos passos do conflito.