A poucos dias do anúncio do novo Plano Safra, a senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP-MS) fez um alerta sobre o risco de inviabilidade da atividade agropecuária caso os juros ultrapassem a taxa Selic, hoje em 15% ao ano. Em evento com produtores em Mato Grosso do Sul, ela criticou os cortes no seguro rural e disse que o cenário para 2024 é de grande incerteza. Entidades do setor também manifestam preocupação com o financiamento agrícola.
A iminência do anúncio do novo Plano Safra trouxe inquietação ao setor agropecuário, que teme o impacto de juros elevados e cortes no seguro rural. Nesta quinta-feira (26), em Ponta Porã (MS), a ex-ministra da Agricultura e atual senadora Tereza Cristina (PP-MS) afirmou que o setor não suporta operar com taxas de juros que podem chegar a 20% ao ano, considerando a Selic atual em 15%.
“A agricultura não consegue ser feita com 20% de juros, é inviável isso”, afirmou a parlamentar, durante o lançamento de um programa de incremento de produtividade do milho, diante de cerca de 100 produtores rurais. Segundo ela, o Plano Safra, da forma como vem sendo encaminhado, preocupa pela falta de previsibilidade, custos elevados e cortes na proteção dos produtores.
“Nós precisaríamos de crédito com juros do tamanho que caibam no bolso do agricultor e do pecuarista e seguro rural. Se tivéssemos essas três coisas, não precisaríamos discutir todo ano quanto vai custar o Plano Safra”, disse.
Cenário de incerteza e temor generalizado
A senadora afirmou ainda que o setor agrícola enfrenta dois anos difíceis e recomendou cautela aos produtores. “Eu não queria ser estraga prazer, mas nós estamos enfrentando anos difíceis. Eu estou muito preocupada com o que vem em termos de Plano Safra. Ninguém sabe direito o que vem”, disse. Uma das principais críticas foi ao corte de R$ 445,1 milhões no seguro rural, o que equivale a uma redução de 42% no orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR).
Segundo Paulo Renato Stefanello, diretor administrativo da Aprosoja-MS, o contingenciamento enfraquece o apoio governamental ao setor e coloca em risco o desempenho da próxima safra. “O governo não tem demonstrado interesse em melhorar o financiamento. Já tivemos um susto com o seguro rural cortado quase pela metade. Isso vai impactar muito”, afirmou em entrevista ao AgroNews-Metro.
Falta de sinalização e promessas não cumpridas
Produtores e entidades do setor aguardam com apreensão os termos do novo Plano Safra, cuja divulgação está prevista para os próximos dias. A avaliação geral é que o governo ainda não sinalizou com clareza a política de crédito para o ciclo 2024/2025, especialmente em relação a juros subsidiados e manutenção de programas de proteção ao produtor.
Para Tereza Cristina, o atual modelo de discussão anual do Plano Safra gera instabilidade e fragiliza a tomada de decisão no campo. Ela defende um modelo mais previsível, com juros realistas, crédito acessível e seguro rural robusto. “Sem isso, o produtor trabalha no escuro”, alertou.
Serviço ao leitor – O que está em jogo no novo Plano Safra:
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Taxa de juros pode superar 15% e chegar a 20% ao ano;
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Corte de R$ 445 milhões no seguro rural reduz proteção dos produtores;
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Entidades do setor temem encarecimento do crédito e queda na produtividade;
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Governo ainda não detalhou o novo Plano Safra, previsto para os próximos dias;
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Produtores pressionam por financiamento viável e previsibilidade no planejamento da safra.