Os trabalhadores em educação da rede municipal de Belo Horizonte decidiram, em assembleia realizada nesta quinta-feira (26), na Praça da Estação, manter a greve que já dura 21 dias. Cerca de 80% das escolas municipais estão paralisadas, segundo o sindicato da categoria. A assembleia reuniu mais de duas mil pessoas e avaliou as propostas apresentadas pela Prefeitura nas primeiras rodadas de negociação desde o início da paralisação.
O impasse gira em torno do índice de reajuste salarial. A PBH manteve a proposta de 2,49% para 2025, alegando ser o percentual da inflação acumulada entre janeiro e abril. Para os professores, porém, o índice não cobre as perdas salariais acumuladas nos últimos anos, especialmente quando comparado ao reajuste do Piso Nacional do Magistério, fixado em 6,27% para 2025.
Segundo o sindicato, mesmo reconhecendo avanços em outros itens da pauta — como a implementação da 6ª e 7ª progressão por pós-graduação —, a ausência de uma proposta econômica concreta e suficiente foi determinante para a decisão de manter a greve. Outro ponto sensível é que a progressão por formação não contempla aposentados, que enfrentam defasagem ainda maior.
A Prefeitura também propôs nomear 376 novos professores para os anos iniciais do ensino fundamental, o que cobre em parte a expansão do Atendimento Educacional Especializado (AEE). No entanto, a categoria considera o número insuficiente para reduzir o déficit histórico de professores e melhorar as condições de trabalho nas salas de aula superlotadas.
Além do reajuste salarial, a pauta dos professores inclui valorização da carreira, melhores condições de trabalho, redução do número de alunos por sala, reestruturação do quadro de pessoal e planejamento educacional. A categoria acusa o governo municipal de intransigência ao não avançar nas negociações salariais, enquanto a Prefeitura alega limitações fiscais.
Como contraproposta para encerrar o movimento, os professores definiram reivindicar o reajuste de 6,27% retroativo a janeiro de 2025, autonomia para organizar o calendário de reposição das aulas, não desconto dos dias parados e manutenção dos demais itens já discutidos com a PBH.
A próxima assembleia foi marcada para terça-feira (1º de julho), às 9h, novamente na Praça da Estação. O sindicato promete intensificar o diálogo com o Executivo, ao mesmo tempo em que reforça a mobilização da categoria por respeito, valorização profissional e uma educação pública de qualidade.