A Confederação Nacional do Comércio (CNC) classificou como essencial para a competitividade das empresas a rejeição do aumento do IOF pelo Congresso. Empresários veem na decisão um alívio em meio ao cenário de recuperação econômica e defendem avanços na reforma tributária.
A decisão do Congresso Nacional de barrar o decreto que previa o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi recebida com entusiasmo pelo setor produtivo. Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (26), a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) afirmou que a manutenção da carga tributária atual representa um “alívio para a economia” e reforça a confiança do empresariado na recuperação do país.
A entidade, que representa varejistas, indústrias e empresários em todo o território nacional, destacou a importância da atuação política que levou à derrubada da medida. “O setor produtivo brasileiro, representado pela CNC, parabeniza o Congresso pela aprovação do projeto que susta o aumento do IOF. Essa decisão evita um custo adicional para empresas e consumidores em um momento de recuperação econômica”, diz o texto.
A proposta do governo de reonerar o IOF havia sido apresentada como alternativa para compensar a perda de arrecadação gerada por desonerações anteriores. No entanto, enfrentou forte resistência de parlamentares e entidades empresariais, que alertaram para os riscos de encarecimento do crédito e retração do consumo — efeitos potencialmente danosos em um cenário de juros altos e baixa confiança.
Segundo a CNC, a manutenção do patamar atual de tributação é essencial para garantir a competitividade das empresas brasileiras frente a um ambiente de negócios já pressionado por burocracia e complexidade fiscal. “É fundamental preservar o fôlego das empresas, especialmente as pequenas e médias, que enfrentam desafios significativos de acesso ao crédito e manutenção da atividade”, pontuou a entidade.
Ato político e mensagem ao governo
No comunicado, a CNC fez menção direta aos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), elogiando a condução do processo legislativo que culminou na rejeição do aumento. O gesto foi lido por analistas como um recado político ao Palácio do Planalto, que tenta equilibrar o orçamento público com medidas impopulares entre os setores produtivos.
O economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, avaliou que a decisão traz previsibilidade e evita um efeito cascata no custo do crédito. “Reonerar operações financeiras neste momento poderia desestimular investimentos e comprometer a capacidade de consumo das famílias. O recuo foi sensato”, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo.
Diálogo sobre reforma tributária
Apesar da celebração, a CNC reiterou que continuará engajada no debate pela construção de uma reforma tributária mais ampla e sustentável. “Seguiremos dialogando com o governo e o Legislativo em busca de um sistema tributário mais justo e adaptado aos reais desafios do país”, afirma a nota.
A entidade defende simplificação e redução da complexidade fiscal como pontos centrais para destravar o crescimento da economia brasileira. Nesse sentido, o recuo no IOF é visto como um passo simbólico, mas não suficiente. Empresários cobram maior previsibilidade e segurança jurídica nas decisões que afetam diretamente a atividade econômica.
Repercussão no mercado e próximos passos
A rejeição do aumento do IOF foi bem recebida também por entidades do comércio, da indústria e do setor de serviços. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) também manifestaram apoio à decisão do Congresso.
A expectativa agora recai sobre os próximos movimentos do Executivo. Com a arrecadação fragilizada e pressões por aumento de gastos, o governo terá de buscar novas alternativas para fechar as contas de 2025 — sem recorrer a medidas que possam afetar diretamente o consumo ou o crédito.
Serviço ao leitor – O que muda com a decisão sobre o IOF:
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O que foi rejeitado?
Um decreto que aumentaria a alíquota do IOF em determinadas operações financeiras. -
Quem se beneficia?
Empresas, consumidores e especialmente o setor produtivo, que evitam custos extras em crédito e seguros. -
Por que o governo queria o aumento?
Para recompor parte da arrecadação e compensar medidas de desoneração fiscal anteriores. -
Qual o risco agora?
O governo terá de buscar outras fontes de receita ou cortar despesas, pressionando ainda mais o orçamento de 2025.