Tarifa de 50% imposta por Trump ameaça agro brasileiro e expõe erros diplomáticos do governo
A decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de aplicar tarifa de 50% a todas as exportações brasileiras escancarou os riscos dos recentes erros diplomáticos e políticos do governo brasileiro. A postura de afronta ao dólar em fóruns dos Brics, o apoio aberto a regimes autoritários como Irã, Cuba e Venezuela e a tolerância com perseguições políticas e censura nas redes sociais — incluindo bloqueios e ordens sigilosas do STF contra plataformas como o X (antigo Twitter) — minaram o diálogo com a maior economia do mundo.
Para o agro brasileiro, o impacto será direto e profundo. Os EUA são destino estratégico para produtos primários com alto valor agregado e relevância no superávit comercial. A carne bovina, que já enfrenta restrições sanitárias em outros mercados, agora enfrenta o risco de se tornar inviável nos EUA com o acréscimo de custo. O país, que atravessa déficit histórico de rebanho e alta de preços internos, era cliente promissor.
O café também está no epicentro da preocupação. Minas Gerais, maior estado produtor, terá dificuldades de competir com fornecedores sem tarifa em um mercado exigente e altamente precificado. O suco de laranja, produto emblemático de exportação brasileira, pode perder fatias de mercado para concorrentes como México e Flórida.
A Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) cobrou do governo uma “resposta firme e estratégica”. O setor teme não só o impacto imediato no câmbio e na renda rural, mas também o efeito inflacionário interno — com aumento no custo de insumos importados e riscos à competitividade.
A carta de Trump cita abertamente a censura do STF como justificativa para as sanções e avisa que eventuais aumentos de tarifas brasileiras serão retaliados com alta ainda maior. Especialistas veem a decisão como um alerta para a necessidade de reequilibrar a política externa brasileira, priorizando diálogo, previsibilidade e respeito a princípios de liberdade econômica.
Em meio a esse cenário, lideranças rurais questionam se o Brasil não caminha para o mesmo isolamento comercial de regimes como Venezuela e Cuba. A dúvida não é se Trump defende os interesses dos EUA — algo esperado de qualquer líder — mas se o Brasil está mesmo preparado para manter uma economia aberta, respeitar contratos e garantir segurança jurídica.
Enquanto o governo ensaia respostas, o agro, responsável por mais de 24% do PIB brasileiro e 40% das exportações, cobra soluções imediatas. Afinal, tarifas não são apenas números: são barreiras concretas para o desenvolvimento de quem produz, gera empregos e garante a segurança alimentar do mundo.